13 de janeiro de 2009

Zeitgeist


Napoleão Bonaparte afirmou uma vez que a História é um conjunto de mentiras acordado e escrito pelos vitoriosos. Os filmes Zeitgeist (2007) e Zeitgeist Addendum (2008) do produtor e realizador Peter Joseph podem certamente adoptar esta frase como mote, na denúncia e no desmascarar que fazem do imperialismo norte-americano. Por estes dias, qualquer cibernauta esclarecido ou cidadão atento ao meio cinematográfico mais periférico terá já assistido a estas obras perturbadoras, que assentam numa série de Teorias da Conspiração para agitar consciências e alertar para a ilusão e mentira em que os Estados Unidos da América mantém a sua nação e todo o Mundo. O enredo dos filmes desenrola-se, essencialmente, num fio narrativo sobre uma música minimal, onde uma voz neutra desfia um rosário de factos e acontecimentos que pretendem provar que o Homem ocidental moderno é vítima de uma súmula de mentiras, manipulações e distorções da realidade. Tudo para crer que pertence a uma sociedade equalitária, democrática e justa, quando, na verdade, os detentores do poder dessa mesma sociedade o mantêm contínua e sucessivamente subjugado ao móbil dos seus interesses, tratando os indivíduos como verdadeiros cães de Pavlov, crentes na sua liberdade, mas que agem como massas ordenadas e comandadas ao sabor da política, da banca, da religião...
O primeiro Zeitgeist subdivide-se em três capítulos que abordam e questionam, sequencialmente, o Cristianismo e a sua constituição como religião organizada, os ataques perpetrados a 11 de Setembro de 2001 e a Reserva Federal dos E.U.A..
Zeitgeist Addendum, por seu turno, foca a problemática da globalização e a manipulação do Homem pelas grandes corporações e instituições financeiras. O último capítulo desta sequela centra-se na solução para as denúncias e falhas civilizacionais anteriormente apresentadas. É aqui que o espectador, provavelmente convencido, intrigado, assombrado ou estarrecido perante o bombardeamento de revelações a que assistiu, poderá tomar parte integrante da experiência. O Projecto Vénus: Uma sociedade futurista assente no uso da tecnologia e das suas potencialidades como elemento potenciador de um desenvolvimento humano assente na igualdade, paridade e riqueza para todos.
Se ambas as películas deslumbram e fazem estremecer as bases individuais e sociais de cada um de nós perante as teorias e provas apresentadas, o epílogo do documentário será, talvez, o alvo de maior polémica. Podemos ser tentados a pensar numa nova forma de totalitarismo, podemos profetizar a Humanidade como entidade finalmente organizada sob os mesmos ideais e projectando-se para fins comuns, ou podemos acreditar num retorno do Homem àquilo que ao longo de milénios se tem vindo a clivar e a alienar: a Natureza, da qual é parte integrante, e à relação simbiótica que deixou de possuir com esta.
Independentemente das interpretações, estes dois documentários são essenciais e obrigatórios. Podem não mudar uma vida, mas mudarão certamente muitas ideias e atitudes, despertando, inclusivé, para uma nova forma de activismo. Ambos estão disponíveis gratuitamente em http://www.zeitgeistmovie.com/. Os interessados no visionário Projecto Vénus poderão investigar mais a fundo em http://www.thevenusproject.com/.